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A liberdade é um dos valores supremos para mim. Desde criança, sempre tive sonhos de liberdade. Liberdade para escolher. Liberdade para decidir o que ser, onde ir, com quem estar. Hoje, meu sentimento é de parcialidade, porém, incapaz de afetar a cristalina verdade: fomos feitos para voar. Voar por terras ora inóspitas, ora acolhedoras. Voar alto. Dar rasantes. Voar é preciso. Longos voos são essenciais. Emergir é crescimento, mesmo tendo estado próximo ao abismo. É ressurgimento.
Hoje, me vejo ante um misto de sentimentos desencontrados. Ao mesmo tempo que valorizo e, tenho a certeza da importância dos voos, desejaria ter asas para abrigar meus amores, como se desprotegidos fossem. Em tempos de coronavírus, o distanciamento social aperta o coração. Por outro lado, viver todos os momentos com intensidade, tendo a certeza de não ter deixado nada para trás, acalma.
É preciso agir com a convicção de que o depois é incerto e, pode ser intangível. O certo é o aqui e o agora! Todos os dias devem ser vistos como se fossem de festa, um evento especial. Festa requer a melhor roupa, o cabelo arrumado, perfume. Requer que nos apresentemos da melhor forma. Aproveitando a metáfora, todos os dias são eventos especiais. Esperar o quê? E se a festa não acontecer? Se o convite não vier? Transformar a vida em eventos especiais não exige convite. Exige propósito. A certeza de viver intensamente, sem economia nas demonstrações apaziguam a alma angustiada. Demonstrar sentimentos independe da geografia. Mesmo parecendo contraditório, podemos estar próximos estando distantes. Sentimentos não se medem em quilômetros.
A supressão voluntária de liberdade vivida nos últimos tempos, se por um lado nos distancia de quem amamos, por outro simboliza o cuidado de uns com os outros, a valorização da vida (que é bonita!), a certeza de reencontros e de reviver. Um exercício de bondade, um testemunho de solidariedade, de empatia e de amor ao próximo, e ao coletivo.
Quando meu coração se enche de tristeza, empurro-a para fora preenchendo com renovação e esperança. Esperança no dia do reencontro em que será possível novamente, olhar olho no olho, rir bem alto de alegria e dos próprios percalços da vida, de tocar, de abraçar, de beijar, de sentir, de brindar. Brindar muito e sem economia. Brindar exageradamente, como se o mundo fosse terminar no segundo seguinte.
Minha esperança é de que cada dia separados, afastados ou isolados representa a certeza de um novo tempo. Um tempo em que valorizar a presença um do outro ganhará um significado a mais. Um tempo em que a singeleza de sentir o vento no rosto, o sol na pele ganharão maior grau de importância. Um tempo em que os pequenos gestos, as pequenas atitudes e a singeleza darão o verdadeiro significado aos momentos. Cada dia representará, espero, o resgate de valores essenciais para uma nova normalidade do tempos pós-pandemia.